Wednesday, August 20, 2008

este silêncio é quase nosso
como nossas são as palavras
trocadas em segredo,
e os gestos que contam a história,
dessa hora de enlevo,
passam pelo tempo a descoberto
como memórias de um dia incerto,
como velas desfraldadas ao relento,
buscando no mar alto a glória,
o sonho, o momento,
em que abraçamos este silêncio,
volátil e gasoso,
e reclamamos para nós o tempo,
assombroso,
que nos traz do vento,
o beijo líquido,
por descobrir.

Sunday, August 17, 2008

Acorda desse sonho
e segue os passos gravados na areia,
inventa na praia um deserto
ou no deserto uma costa salgada.
Desce pelos atalhos da rocha salpicada,
onde guardei a voz das palavras antigas,
e procura junto ao cais o meu coração risonho
desfolhado por uma ideia.

Despe do corpo a carne,
depurando o sangue em água.
Aqui não há lugar a mágoa,
existimos, somente, onde a vida arde,
dois amantes abraçados no calor
deste misterioso final de tarde,
onde ensaiamos gestos de amor
num silêncio, sem mácula.

Monday, August 04, 2008

Fosse eu outro que não isto,
outra coisa qualquer
diferente de nada,
pegava em mim e voltava
às colinas de Chefchaouen.
Levava ao colo o teu nome
aninhado nas mãos em concha,
como quem guarda um pássaro de asa ferida,
para veres do alto a partida
de um dia qualquer.

Mas sou eu isto
e não outro,
um louco
refém das palavras,
qual pássaro de asas quebradas
que viaja imóvel por aqui.
E é através de ti,
que vou descobrindo a felicidade,
em cada gota de ansiedade
que recolho dos teus lábios.
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