Tuesday, June 02, 2009

se ao menos pudesse despir-me por um dia,
vinte-e-quatro horas apenas,
tirar dos ossos esta carne,
arrancar esta náusea que arde,
e viver novamente o mistério,
de ser outro, eu mesmo ou reflexo no espelho
(despedir-me de mim).

porque há dias a fio que não sinto uma palavra verdadeira,
e o teu corpo estendido à beira,
é a única verdade que conheço.

por isso, só por isso,
ainda me reconheço neste caderno,
na realidade que o teu corpo guarda,
vendo em ti um rebanho de palavras tresmalhadas,
que me formam a alma,
entre as portas negras de todas as minhas ilusões.

É aqui que as guardo,
nestas páginas que foram céu, purgatório e inferno,
e amanhã,
quando cá voltar,
serão um punhado de letras dispersas,
que vou derramar contigo.
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