Monday, February 25, 2008

o gelo derrete
e depois é água
a manhã chega tarde
e a tarde esmorece sem dar-mos por ela
da janela do meu quarto vejo o movimento da energia mecânica
e fico parado na vertigem da equação quântica
pensando que a alma só te tem a ti
e nela estendo a imagem
da sensação imutável
que chega como um mistério que me abarca
a cada rotação das coisas preciosas que não entendo.
é preciso compreender o movimento das palavras
a primavera dos versos
que emprestam asas ao desejo
e prolongam o momento que me abraça
em que escreves-te o teu nome
no meu corpo com fome
gravando a tinta da china
a madrugada efémera
transformada em vida eterna
naquela alvorada de um beijo
imortal
como o teu gesto.

Friday, February 08, 2008

Olha.
Daqui vê-se aquela estrela nómada
que perseguias em criança.
Sente-se o sol a morrer atrás das dunas de Chefchaoen
e a lua de Havana a misturar-se
na esperança de uma liberdade
que habita outra constelação.
Anda. Sobe até aqui,
onde o horizonte é uma linha curva
e a terra parece nua
como a praia deserta
onde construías sonhos de areia.
Vem. Estende em mim a tua pele,
cobre-me com o véu de mel dos teus lábios,
para que juntos toquemos no céu,
sem outro material que não o amor que nos une,
que começa a caminhar para lá do nosso abraço.
Chega-te a mim,
e vê o futuro de passos hesitantes
a sorrir nas asas da imaginação
e deixa o teu coração verter todas as lágrimas,
a tua boca soltar todas as gargalhadas,
e deita-te ao meu lado,
a ver o milagre da criação.
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