De costas voltadas

Nada chega

Numa noite qualquer, de música, copos e conversa, alguém estranhou o silêncio da maresia. "Esta ilha não cheira a mar", disse a moça de quem não fixei o nome. Virei o nariz para o mar, que lá em baixo batia contra a rocha, e pôs-me a snifar o ar humido e sufocante de início de Verão. Mas cá em cima, na promenade, apenas chegavam ecos dos calhaus a ripostar.

Aqui, tudo chega filtrado.

Tarde

Há dias, numa tarde daquelas em que nada apetece, um amigo falou-me do vazio que a ausência feminina trás. Olhou-me distraído, como parece sempre estar, e identificou a solidão em cada cara que nos rodeava. Em cada pessoa, disse-me por detrás dos óculos sempre iguais, encontras um espelho da tua solidão.

E encontrei.

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