Saturday, September 27, 2008

levam-se tão a sério
meu Deus,
esta gente sem mistério,
que esquece a certeza do adeus,
andando em passos de minério,

alheios aos medos meus,
passeiam-se de gestos empalados
na seda uma gravata,
homens e mulheres desgraçados,
vestidos de palhaços-acrobatas.

quem os vê pensa-os imunes ao tempo,
mas imortal somos nós,
tu e eu,
porque sabemos que vamos morrer,
e um dia tu vais ver,
no fundo do coração meu,
que és eterno como eu.

bastam as coisas simples,
o sorriso de uma criança,
o esvoaçar de uma brisa para dar esperança,
e condensar toda uma vida,
numa palavra proibida.

Friday, September 12, 2008

é no interior,
nessa substância incorpórea e invisível,
indivisível,
que hoje vou chamar alma
e amanhã talvez escreva coração,
se ver aí mais conforto,
que vivem as maiores tempestades,
e a ilusão,
de uma avalancha de metal,
subsistir sem derrubar o corpo,
(de dentro para fora)
sem fazer desta calma,
farrapos,
e dos teus passos,
água evaporada.
é verdade,
que aqui podem cair todas as estrelas,
que cabem também mil cometas,
que o céu pode ficar despido,
vazio como um lençol branco,
deixando-te só,
sobrevoando a cidade,
em órbitas loucas de amianto.
é esse o espanto,
tantas vezes o desencanto,
do teu universo não coincidir
(ao milímetro)
com o horizonte dos outros.
mas o que são os outros?
senão almas hoje,
corações, amanhã.
povoados de tempestades
e de espantos,
tantas vezes vestidos,
de desencantos.
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