Tuesday, May 15, 2007

por vezes quando acordo,
e desperto para o teu corpo adormecido,
assaltam-me pensamentos silenciosos,
como o desejo de ser o prolongamento do teu olhar,
e de nada mais ser,
sem ser esse olhar,
com que me recebes pela manhã.

não ouves estes pensamentos.
Guardo-os para mim como pecados tormentos,
escutando-os em silêncio no meu íntimo,
num compromisso de sofrimento que partilho com a noite,
testemunha deste e de outros devaneios,
de tanta lágrima abafada,
por não ser esse olhar que falo.

esse que tento condensar em palavras,
solidificar no papel,
numa entrelinha de mármore amanhado,
busto escavado em bruto,
arrancado do teu útero,
onde cresce outro olhar,
o mesmo que agora me recebe pela manhã.

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