Monday, April 16, 2007

Do interior das minhas pálpebras fechadas,
vejo a nudez do teu corpo,
vagueando pela nudez da madrugada,
e anseio fazer parte dessa noite desejada,
nem que seja como personagem secundária,
da alegoria alada trazida pela poeira.

Esta minha ingénua fantasia,
quimera de pólen futuro,
é habitar-te como em mim tu resides,
mascarar-me do teu nome e decompô-lo no papel escuro,
deixar de ser sólido, ser o que existes,
e respirar esse simbólico poema que exalas.

Não é real esta alegria, nem palpável tão pouco,
mas é assim que amasso louco o sonho,
e por trás das minhas pálpebras fechadas,
esvoaçam palavras caladas,
condensadas sílabas inteligíveis,
que a manhã ilumina, torna tangíveis.

Afinal não foi sonho ou pensamento tresloucado,
ao fim ao cabo amar-nos é possível à luz do dia,
e com as pálpebras abertas
- as minhas, as tuas -,
vejo paixões nuas, despertas,
e sei que a noite não mentia.

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