Saturday, April 14, 2007

Dispo-me, anónimo, sobre o papel queimado,
marcando o corpo com tinta efervescente,
odiando perdidamente cada letra trocada,
cada palavra truncada,
como odeia aquele que não ama,
olhando, atónito, para a lua luminescente.
E amaldiçoo-o a mão hesitante,
e o coração expectante,
pede para morrer.

Fecho-me e deixo a palavra respirar pelos átomos que compõe a página,
e imagino uma margem, um rio,
o lápis um navio,
e este poema deslizando pela água,
a viagem até ao teu nome.

Por fim acordo com fome,
da tua alma, do teu corpo,
resisto ao desejo de a matar,
o tempo urge, é preciso acabar,
esta febre de escrever quase parece viver,
o vento ruge, parece saber, o que o mar distante
- morrendo contra a praia -,
diz conhecer.
A vida desmaia,
num lento esbracejar,
o dia acorda a gotejar,
e tu vais rindo pela madrugada fora.

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