Thursday, March 29, 2007

A alma desamparada caiu-me das mãos,
quebrando-se em mil pedaços de mim,
e no mármore branco desenham-se a vermelho,
os estilhaços do que fui.
Pálida imagem, que o teu amor dilui.

Recolhes pedaço a pedaço,
como se de um estimado vaso se tratasse,
calcorreando o chão para que nem um estilhaço falte,
e o meu corpo não fique órfão,
dessa parte que me fugiu da mão.

Encontras tudo.
Reconstruindo o homem que fui,
beijando-me com lábios de veludo,
despejando, em mim, a vida,
e o meu coração acorda e respira,
para este amor que tanta falta fazia.

E o mármore amanhece lavado,
as manchas evaporadas e a alma cicatrizada.
O chão está limpo,
e o corpo, habitante do Olimpo,
aguarda apaixonado,
que o chames para junto do teu.

Estou pronto para amar,
e já me entreguei a esse sentir,
certo que és a mulher que quero vestir,
encontrando-te para lá do futuro,
em cada patamar cronológico da minha linha temporal,
neste amor morfológico,
que nasceu à beira-mar.

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