Friday, March 09, 2007

A noite acorda-me com um beijo plácido,
desculpando-se por interromper o sono,
mas o sonho vive acordado,
nos braços do silêncio entrelaçado,
em que os lábios se colam
e eu permaneço estático,
sentido a humidade húmida,
da boca que me desperta.

Não te desculpes noite,
por tão suave acordar.
O porto não dá justificações ao barco que nele deseja ancorar,
o dia não se aborrece quando pressente o Sol entrar,
nem o caderno de poesia se fecha se a letra começar a chorar.

Acorda-me outra vez, noite.
Hoje, amanhã e depois.
Sempre!
Interrompe o sonho que a manhã fragmenta,
e deixa entrar o amor pela madrugada adentro,
para que nele o meu corpo pernoite,
e a alma estendida descanse nesse plano epicentro,
onde todo eu existo, na plenitude do sentir.

Beija-me novamente,
noite vestida de mulher.
As dunas ressequidas não afastam o abraço líquido do mar,
os amantes não se escondem da branca luminosidade do luar,
nem eu adormeço enquanto os nossos lábios não voltarem a se encontrar.

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