Monday, March 19, 2007

Abre a porta mais uma vez para o lápis entrar,
e deixa-me ver-te adormecer.
Serei todo silêncio.
Imóvel,
e apenas o arranhar do papel pode denunciar a minha presença.
Não vou escrever poesia
- que seria pouca e de nada valia -,
nem tomar-te nos meus braços.
Só quedar-me a ver os traços,
do sorriso com que sonhas.
Não me atrevo a desenhar o contorno do teu corpo,
nem a sombra do gesto no fundo branco do quadro.
Vou só,
de olhos lassos,
contar os minutos que passo,
subtraindo-os ao tempo,
que se demora nesse espaço.
Talvez ajeitar-te o cabelo
- não prometo que não o faça -
ou cobrir-te com zelo
- nada que a noite não desfaça -,
mas beijar-te,
garanto,
só mesmo se os teus lábios procurarem os meus.
E se apesar do esforçado silêncio meu,
ouvires daqui algum suspiro,
descansa,
é só a ânsia,
do meu tolo coração a falar.

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