Aflige-se, por vezes, o coração, quando lhe assaltam pensamentos da lua acendida atrás das montanhas de sombra. O reflexo branco esbate-se, pálido, no mar silencioso, e a espuma aproveita e adormece num lençol de pedras roladas. Lá longe, do outro lado da cidade de persianas fechadas, eclodem os gritos calados dos que já não choram, e o coração aflige-se por conhecer o nome individual de cada um desses sabores salgados. Por voar pela viagem imaginada dessas lágrimas, e nada mais guardar do que um punhado de postais amarelecidos pelo esquecimento. E aflige-se o coração por tanto sofrimento soprado pela noite e pelo pensamento que a lua acendida carrega: O que restará do meu nome se não estiveres cá para o chamar? Não o reconhecerei como meu, e a minha voz, decomposta em suspiros, terá o sabor do silêncio. Do teu silêncio.
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