Friday, December 14, 2007

Procuramos a redenção
no sexo das plantas
e delas
bebemos a seiva das pedras preciosas.
O pólen é tanto
que apaga os peixes dos rios
e as asas deixam de voar
vergadas
pelo peso do ar que respiramos.
Apanhamos o comboio
e perdemos a estação
quando a eternidade
reside na palma da mão
e nos ventos alísios
que nos trazem os minerais líquidos
como líquidas são as nuvens da manhã.
Essa espécie de lágrima
fixa no céu
e o tempo passa
esquecemo-nos dele
que chega demasiado depressa
que (por isso) é tempo
que hoje já foi ontem
e que amanhã pode não chegar.
Fica o fumo em espiral de um cigarro
esmagado
evaporado à pressa
e expiramos.
Éramos crianças
e depois somos pais
(sem pai)
mas a paisagem permanece imutável
se não olharmos para ela
para o betão que floresce
e a filosofia que desvanece
numa crise de meia-idade
que a noite apaga
e a manhã devolve.
Só dançamos quando a Lua dorme
para extrairmos do sono
a química do sonho
o resto é água
e um plano
que não é nosso.

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