Thursday, December 21, 2006

És a última estrela que vejo, quando me deito. A primeira luz que o dia derrama, quando acordo.
Cometa de prata que risca flamejante a madrugada, o pôr-do-sol que se tarda, o nascer que rasga a alvorada.

És vida para lá da morte. A realidade forte de sonho surreal.
Nada em ti é calmo, nada em ti é simples. Andas como um planeta em ebulição, um asteróide perdido em erupção, deixando no ar desenhos invisíveis de uma explosão.

És nuvem branca pintada sobre azul efervescente. Floco de neve em rodopio, dançando eternamente.
Nasceste onde os cavalos bebem, onde os rios tremem pelo vale, onde os silêncios se esquecem de falar, e a dor não existe.

És o relativo, o superlativo e o absoluto. O universo em absurdo crescimento, e o bater de uma asa de papel.
Carregas a leveza do momento, o peso insustentável de um doce novembro, a liberdade de uma palavra solta ao vento.

És gota de suor que escorre pela mão. Arrepio de alma que desce até ao chão.
Gilbera que nasce em campo de batalha, a seiva dela que em mim se espalha, a primavera que tarda mas não falha.

És tudo isto, o resto e mais nada. O céu, a terra, o fogo e a água.
Só o que em ti existe em mim permanece. Como uma recordação de infância que não se esquece, e todo o meu corpo estremece, quando estou perto de ti.

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