Friday, May 16, 2008

Quando os olhos se encostam para trás, e descansam como se dormissem no teu regaço, sonho descansado ou coisa assim, recordam a cana de pesca apontando o céu. Coisa estranha o basalto moldado pelo mar, e o sal, gota constante de cristal, percorrendo os atalhos da rocha, e eu sentado a ver-te pescar, no abismo daquela encosta.

Quando o verde e o vermelho se misturam numa camisola suada por uma tarde de Verão, é domingo e estou sentado numa resma de livros, com os pés baloiçando perto do chão, e nos dedos a recordação de um rebuçado de leite. Sou criança entre homens, vejo sombras de jogadas, repito-as com a mão e uma bola de palavras, em gestos imperfeitos.

Se me perguntarem quem marcou, aponto para cima, para ti que não reclamas dos passes falhados, dos peixes que não mordem. Que festejas cada golo, cada peixe, como um nascimento. Que só oiço o teu descontentamento, quando os homens abandonam o estádio. "Porque saem? Ainda não acabou."

Porque saíste tu, com o jogo da decorrer?

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