Monday, April 21, 2008

Uma mão invisível derramou um punhado de nuvens escarpadas em véu,
no horizonte baloiça o que parece ser um navio,
mas pode ser qualquer coisa, como um anjo descrente caído do céu,
nadando para a cidade em desafio.

Deus morreu há tempo demais para ser sagrado,
e em cada homem deixou um demónio caminhando,
fazendo do destino um trilho estagnado,
que as pegadas frágeis vão escavando.

Não é coisa nem outra aquilo que baloiça no mar;
onde a vista se perde e a imaginação aparece,
é apenas Deus que cansado de ser pai, decidiu ser pássaro e voar.

Sem olhar que o paraíso é rancoroso e não esquece,
que aquele pássaro que prometeu a todos amar,
navega agora distante como uma prece.

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