Thursday, March 20, 2008


esta cidade que navega deserta pelas cinzas do império,
esta cidade onde se matam poetas e afogam ideias sem mistério,
chama-se minha por serem meus os passos que percorrem as ruelas,
mas não me pertence quanto as pegadas que deixo desaparecem como aguarelas,
ao som das primeiras chuvas de outono.

não tem verdadeiro nome esta cidade nascida do fogo,
filha do mar e do insular sufoco,
que deixa no ar um travo a liberdade perdida,
que sente um náufrago quando acorda prisioneiro de uma desconhecida ilha,
sabendo-se votado ao interior abandono.

é estranha a todos esta cidade de funcho pintada de flores,
onde descem ribeiras e sobem às montanhas rumores,
de um tempo isolado e surreal,
que quinhentos anos depois permanece igual,
congelado na realidade alucinada do sono.

no entanto quedo-me neste cidade, de janelas abertas para o mundo entrar,
e serão sempre meus os carreiros de jacarandá, enquanto habitares nos braços do mar,
que sussurra o teu nome e nos envolve com um longo abraço,
que de madrugada, quando o vejo crispado por cima dos telhados de fogo, devolve o teu traço,
para a cidade em que construíste em sonho, o teu trono.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home

Locations of visitors to this page Website counter