Monday, July 23, 2007

Um assessor para cada português

Numa daquelas medidas só ao alcance dos grandes estadistas, o nosso ‘primeiro’ arranjou, de uma assentada, mais 230 postos de trabalho. É verdade que será um trabalho pesado, exigente, pois ser assessor de um deputado na Assembleia da República é quase tão extenuante como ser dono de um bar de praia numa ilha deserta ou, pior, ser mesmo deputado. Mas sempre é melhor do que estar desempregado.
Por mim concordo com a medida, porque em tempo de crise, em tempo de constantes apelos ao sacrifício dos portugueses, nada melhor do que ‘desencantar’ 230 ‘tachos’ para o país continuar no bom caminho. Mais. Penso que a medida só peca por ser escassa. Apenas um assessor individual para cada deputado é muito pouco para a produtividade dos representantes da Nação.
Além de um assessor, cada deputado deveria ter direito a um canivete suíço, que dá sempre jeito ter à mão, a uns óculos escuros, para poderem dormitar à vontade no hemiciclo, a uma assinatura da ‘Sport TV’, porque o ‘Canal Parlamento’ é meio parado, e a uma bailarina exótica (ou bailarino, conforme a preferência). Tudo, em nome da eficiência.
Nós por cá, sempre superiormente à frente, já temos assessores na Assembleia. Em alguns casos, são mais do que os deputados. E temos também conselheiros técnicos nas secretarias regionais. Tantos como chuva nos Açores. Tantos, que ninguém percebe muito bem o que aconselham, mas todos sabem que recebem, e bem, por cada sábio silêncio.
Post-Scriptum 1: Qualquer ironia encontrada no texto é pura coincidência e um sinal óbvio que eu também preciso de um assessor individual ou de um conselheiro técnico, para parar de escrever estas tolices sobre a competente classe política do país.
Post-Scriptum 2: Sempre quis escrever ‘Post-Scriptum’ na página de um diário.

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