Thursday, February 15, 2007

Decomponho o azul da minha alma numa folha de cal humana, filtrando os sentimentos em frases, palavras, sílabas, letras. Até não ficar mais do que o branco silêncio das pausas, balançando no infinito abismo deste caderno de negra capa.

E sinto a vertigem deste amor empurrando-me pelos ares, elevando-me ao céu, onde te encontras, brilhando.

Aqui, nas páginas virgens do moleskine, finjo escritores e poetas. Desenho cometas, traço estrelas vazias, esboço poemas e fantasias, que derramo em voz alta na noite, para que o vento te os entregues, numa enxame de ideias.

E vejo a verdade do grafite escurecer, como um dia caminhando calmo para o anoitecer, onde a lua - poetisa, testemunha - chega, ofuscando.

O pensamento liberto do vocabulário excessivo, que o coração obsessivo distende na folha branca, chega-te num suspiro, que amordaça o silêncio e abre a porta ao momento, em que leio o que escrevo, e deposito a palavra no teu colo.

E anseio voltar ao início. Ao princípio do ciclo deste devaneio poético, em que o teu nome reside na ponta do meu lápis, e eu sou o reflexo dele, escrevendo, contemplando

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Excelente divagação poética!

Gostei do enredo...

www.rouxinoldebernardim.blogspot.com

6:13 PM  

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