Wednesday, January 17, 2007

Procurei-te em mil vidas aguadas.
Mil vidas e não te encontrei.
Fui amante da rainha de Sabá,
mendigo em Calcutá,
salteador de túmulos no vale dos reis,
subi cumes e uivei,

o teu nome, a tua pele,

mas não recebi do mundo resposta,
e desesperei.

Mil vidas vividas em desencanto,
e o teu beijo era recanto,
que não existia.

Procurei por mares e montanhas,
desci desfiladeiros pelo dia,
mergulhei na noite como água gelada,
encontrei companheiros nus pela estrada,
e mil vezes morri.

Procurei-te no submundo também.
No inferno de Dante e no céu de Deus.
A todos disse adeus,
e continuei caminho,
sorrindo pelo purgatório,
chorando no ermo promontório,

e aí descansei,

no abismo de um copo de vinho.

Mil mortes desperdiçadas.
Mil mortes sem arrependimento que a vida levou.

Tudo tem um tempo,
e agora que te encontrei,
o momento é de amor,
o sentimento é de mil anos,
e o sofrimento acabou.

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