Wednesday, January 10, 2007


Esta manhã tem mil anos.
Nasceu antes do homem esventrar a terra,
e da guerra entre Deus e o Diabo.
Mil anos,
e já tu existias.
Eras ainda pétala de primavera,
num tempo de eterna quimera,
e eu era apenas grão de poeira perdido no universo,
até me encontrar e pousar à tua beira.

Mil anos tem esta manhã de Sol,
e a luz nunca foi tão luz assim.
Cresceu nos dias em que os rios corriam livres sem fim,
em que não eras ainda mulher,
mas átomo de jasmim,
e parte espuma de mar.

Tanto tempo guarda esta manhã.
Mil anos contados ao tempo,
mas só hoje a vejo,
esculpindo asas nas gaivotas planando,
devotas do mesmo sal do que tu.

Mil anos.
Esta manhã tem mil anos,
e só agora a vi.
Abracei-a como abraço-te a ti,
e deixei-me ficar,
a vê-la correr pela tarde,
porque amar-te,
é ver esta manhã a nascer.

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