Thursday, January 11, 2007

Esfumam-me ideias num vento que passa imóvel,
pensamentos do tempo condensado em água.
O poema evaporado,
segue pelo rio,
e eu rio,
ao ver a palavra antes mágoa,
viver diferentes momentos.

Poeta medíocre apaixonado,
cosendo letras em lume brando,
passando pelo dia desasado,
sangrando por não ter na mão outra combustão,
mais calor para derramar no papel,
esta paixão que tem o teu nome.

O sentimento quebra-se na ponta do lápis cruel,
desejo a noite e mato-me em fel,
vomito Deus e a alma do Diabo,
bebo o mel na colher do ocaso,
que não apaga,
ao fim ao cabo,
o amor que consume o infinito.

Só a presença acalma.
O leito seco da desova,
a alcova da palavra sibilante,
da música calada,
iluminada pela voz cintilante,
que trazes vestida sem mais nada.

Acordo assim.
Espantado por ainda existir,
pelo coração subsistir ao medo irracional,
às lágrimas de leite,
ao deleite de ser testemunha do teu acordar,
de ver o teu olhar desapontar para o dia.
Porque aí,
nesse reflexo vibrante,
sou ser brilhante,
sou imortal.

1 Comments:

Blogger José Leite said...

Ora aí está a "imortalidade"!

Diria que lhe falta um pouco de sal e pimenta mas que é manjar suculento isso é!
Parabéns!

11:23 AM  

Post a Comment

<< Home

Locations of visitors to this page Website counter