Thursday, November 23, 2006

O sino da igreja do Carmo diz à chuva que é meia-noite. Pássaros de asas cortadas caem das árvores despidas, e as nuvens afastam-se para a Lua saber.

O judeu fala francês entrecortado pelo 18, que passa pela ruela, atrás da janela, numa calma tarde Sol.
Diz que a morte é a coisa banal.

O médico deserto, de olhos tombados no chão, dá curtos prognósticos, e pede desculpa pelo grutal aperto de mão.
“Soluções desesperadas não têm aqui lugar”.

O vidro está fechado, atrás do parapeito pejado de espinhos – o fim não se antecipa, espera-se.
Vê-se tudo. Apalpa-se. É real.

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